Depois das condições "Goldilocks" para private equity e mercados de capitais de risco, parceiros limitados e gerais estão começando a ver sinais de um ambiente em mudança

No mês passado, eu tive o prazer de moderar um painel no CEE M&A and Private Equity Forum em Varsóvia. O tópico de discussão foi como private equity e os mercados de capitais de risco mudaram desde seu "ano de destaque" em 2017 e que tendências estamos vendo nas Europas Central e Oriental (CEE).

O ano de 2017 certamente aumentou as expectativas. Ativos sob administração atingiram, globalmente, US$ 2,83 trilhões até junho de 2017, estabelecendo um novo recorde. Os retornos de Horizon para private equity foram os melhores dentre todas as classes de ativos deste tipo, e estes foram os fundos de melhor performance dentre os de pensão globalmente. A satisfação dos investidores foi próxima das maiores de todos os tempos, e o balanço líquido dos investidores que estão planejando aumentar suas alocações a curto e longo prazo para esta classe de ativos teve um nível recorde.

Nós temos o ciclo estabelecido de uma forte captação de recursos + fluxo de negócios + saídas – levando a um imenso fluxo de retorno para parceiros limitados (PLs), com distribuições de excesso de pagamentos antecipados. 2017 não só levantou um valor recorde de US$ 453 bilhões globalmente, mas também a maioria destes fundos fecharam dentro ou acima de suas metas, e de maneira relativamente rápida.

Um mercado em mudança

As previamente mencionadas condições "Goldilocks" não devem continuar para sempre. Quais são as implicações para PLs e parceiros gerais (PGs)? Ainda que possa ser prematuro chamar isso de novos ares no mercado, em 2018 vimos sinais da mudança no ambiente.

Fontes de financiamentos

Perguntei no painel do fórum como PLs e PGs na CEE estão obtendo financiamentos.

Brian Wardrop, Sócio-Gerente na ARX Equity Partners, sediada em Praga, explicou que, para fundos menores ou iguais a €150 milhões, PLs locais privados (institucionais e não-institucionais estão se tornando muito mais relevantes. "A República Tcheca parece ser a líder neste sentido, devido a um número de fatores específicos, tais como a saída do Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento (EBRD) do país, juntamente com outros fatores. Vejo isso como uma evolução natural e uma maturação do mercado de PE da CEE a longo prazo. A região deve começar a parecer mais com as bases das PLs da Europa Ocidental com mais capital local."

Marco Natoli, Head de Lower Mid-Market e Europas Oriental, do Norte e do Sul no Fundo de Investimentos Europeu (FIE), adicionou que o papel de Instituições Financeiras Internacionais (IFIs) é crucial para fundos menores, gestores emergentes e times de primeira viagem. Ele também apontou para a experiência do FIE como PL: "nós estamos focados em levantar recursos para a região de origem pública ou de IPNs (Instituições Promocionais Nacionais), tipicamente com objetivos de política anexados. Mais recentemente, a FIE desenvolveu uma estratégia de levantamento de fundos privados, com fundos de pensão, Fundos Soberanos (FSs) e assim por diante, e a CEE está inclusa como parte da oferta."

A sócia do Polish Development Fund Limited, Annemarie Dalka, disse ao painel que uma base sólida de investidores locais é crucial, especialmente para os fundos pequenos e médios. Este é o motivo pelo qual eles estabeleceram um programa de Fundos de Fundos (FoF) para PE mais cedo neste ano. No ano que vem, haverá uma nova fonte de financiamento para fundos de PE na Polônia – os planos de pensão privados, conhecidos como PPK.

Retorno, perfis de risco e especialização na CEE

Nossa discussão se voltou para os temas que apareceram na captação de fundos na CEE em termos de retornos associados com perfis de risco e especialização.

Ondřej Vičar, Sócio Geral na Genesis Capital, sediada em Praga, disse que há uma tendência específica aparente na região (fortemente presente na República Tcheca). É o número crescente de escritórios familiares/grupos financeiros recém-criados que administram capital, muitas vezes vinculados a uma atividade empreendedora anterior de seus fundadores. "Como parte de suas atividades, eles geralmente aleatoriamente e oportunamente tentam investir em empresas (criando uma potencial competição em acordos específicos para PGs), mas, por outro lado, eles têm a tendência de não ter nenhuma visão clara ou estratégia ao fazer isso, frequentemente sem experiência e melhores práticas". Ele espera que gradualmente, estes grupos se tornem uma nova fonte de capital para o PE indiretamente, por meio de gestores de fundos profissionais."

O Sr. Wardrop comentou que empresas no lado menor estão se tornando mais especializadas, seja por geografia ou setor/situação, ou ambos. "Os dias de um PG menor, focado em fundos pequenos ou médios cobrindo toda a CEE estão terminados. Em termos simples – a necessidade de diferenciar e especializar é clara."

O painel discutiu se estes temas são exclusivos para o levantamento de fundos na CEE ou se há similaridades em relação ao que estão vendo globalmente.

O Sr. Natoli disse que a CEE não pode fugir das tendências globais de arrecadação de fundos. "A região se beneficiou parcialmente da vasta disponibilidade de dinheiro, mas não em um nível que a posicionaria estavelmente no radar de investidores internacionais."

Ele apontou que os resultados de captação de recursos na CEE ainda estão ligados a apenas alguns nomes bem-sucedidos. "Os números relativamente positivos do ano passado foram o resultado do fechamento de somente cinco fundos. Uma base maior (e mais bem distribuída) de players ativos seria desejável. A CEE está atualmente passando por uma evolução de um mercado 'em desenvolvimento' para um mercado 'desenvolvido'. Ainda que esteja mais próximo da Europa Oriental em um nível macroeconômico, na alocação de PLs, a CEE ainda está localizada ao lado de outros mercados de PE em desenvolvimento, tais como LATAM, MENA e Sudeste da Ásia."

A Sra. Dalka destacou que algumas das tendências globais são guiadas pelo tipo de PL e suas necessidades específicas. "Para empresas de seguros, tem a ver com o uso eficiente de Ativos Medidos por Risco, e daí vem seu foco em achatar a curva-J, por exemplo, por meio de linhas de subscrição. Para FoFs, o foco é aumentar o retorno geral, por isso o aumento do apetite por co-investimentos."

Problemas comuns para Parceiros Limitados investindo na CEE

Enquanto vemos o mercado da CEE se desenvolver, também vemos um aumento de custos – tais como trabalhistas. Quanto estes aumentos diminuem o apetite de investimentos de PLs?

Dalka acredita que o aumento nos custos é equilibrado pelo amplo crescimento do PIB da região, de forma que a mudança geracional cria oportunidades de mercado.

O Sr. Natoli disse que a CEE não é percebida como uma região homogênea, e as circunstâncias específicas de cada país podem afetar a percepção e o apetite de PLs. Ele também argumentou que os custos crescentes são o único elemento que preocupa. "Também tem a ver com a eficiência e a diferenciação das várias estratégias de investimento. Muitos players na região, que inicialmente tiveram sucesso ao tentar atrair capital com fundos jovens, falharam em provar suas habilidades de se moverem de estratégias generalistas guiadas pelo tema de convergência econômica para estratégias especializadas adaptadas para as oportunidades de cada país".

O Sr. Vičar disse que o tamanho da maior parte dos mercados da CEE definitivamente seriam um problema para um PL, juntamente com sua fragmentação, diferentes moedas, diferentes ambientes culturais e legais e variedade de línguas. "Por outro lado, a convergência econômica, a sucessão e algumas outras macrotendências ainda motivam o investimento na região. Neste aspecto, faz sentido para PLs investirem na CEE buscando fundos de países – gestores de fundos que se especializam em cobrir um ou dois países muito detalhadamente, com o valor agregado no entendimento das especificidades e habilidade de superar as barreiras e limitações previamente citadas."

Como investidores locais e internacionais estão interagindo com o mercado?

Investidores locais naturalmente têm uma maior presença na CEE do que investidores internacionais. O Sr. Vičar diz que, na prática, isso frequentemente significa um maior escopo de atividades no mercado local. "Frequentemente, investir em um PE é uma forma de vender serviços adicionais para investidores locais – tais como financiamento de bancos, serviços de F&A, indivíduos com alto patrimônio líquido. Em alguns casos, além dos investimentos em fundos e um acordo pré-estabelecido e pré-acordado, eles podem ativamente buscar em paralelo, suas próprias oportunidades diretas de investimento. Isso pode, em algumas situações, constituir um potencial conflito de interesses ou pelo menos resultar em uma posição incerta de um ponto de vista do PG".

O Sr. Natoli acredita que ainda faltam investidores locais no mercado. "Vemos alguns sinais de melhorias, por exemplo a PRF na Polônia, alguns NPIs em outros países, mas isso ainda não é suficiente." Ele disse que a presença substancial de investidores locais é crucial para atrais PLs internacionais, já que eles oferecem uma recomendação local fundamental para investidores estrangeiros.

Agentes de colocação

Fiquei interessado nas visões do painel sobre agentes de colocação. Os PGs internacionais estão usando agentes de colocação para captação de recursos na CEE? Quais são os benefícios de usar agentes de colocação locais?

O Sr. Wardrop comentou que os melhores agentes querem oferecer fundos maiores, e sua visão pessoal é que a os agentes de primeira linha valem, discutivelmente, as comissões que cobram por algumas razões específicas.

O Sr. Vičar disse que agentes de primeira linha são caros demais para a maioria dos fundos menores, mas também que eles hesitariam em trabalhar com estes por causa dos custos de oportunidades. Usar agentes de classe B pode não entregar os resultados e se tornar até mesmo prejudiciais, já que o agente pode ferir a reputação de seu cliente se não se portar profissionalmente e/ou pressionar demais os investidores para disponibilizar capital.

O Sr. Natoli comentou que somente uma porção dos PGs usam agentes de colocação na CEE e isso pode ser primariamente ligado aos custos. "Os benefícios trazidos por agentes de colocação capacitados vêm da melhor preparação para o PG para o exercício de captação de recursos, além da gestão eficiente de processos e o desenvolvimento de uma abordagem direcionada para diferentes classes de PLs em diferentes estágios da captação de recursos."

A Sra. Dalka reiterou que muitos PLs têm certos limites de alocação e tamanho que os gestores baseados na CEE não podem atender; por isso usar um agente de colocação é compreensível. "Nós só queremos ver um PG pagando os custos associados de seus próprios bolsos. Acho que o trabalho feito por associações como a Invest Europe ou ILPA, dos quais somos membros, está ajudando com a transparência e a unificação de relatórios."

Principais conclusões

A principal particularidade da captação de recursos na CEE é a sua evolução atual de 'mercado em desenvolvimento' para 'mercado desenvolvido'. A região ainda é percebida como um risco (principalmente associado aos diferentes riscos de cada país). A especialização e diferenciação de PGs na CEE é a chave e uma base de PL local é crucial para fundos de pequeno a médio porte na CEE. Um fator constante no desenvolvimento da indústria é a necessidade de se ter a melhor informação possível para ajudar os PLs e PGs a decidir e executar suas estratégias.

Globalmente, estamos vendo o mercado de private equity e venture capital se concentrando, com os maiores fundos capturando uma fatia crescente de ativos. Apesar disso, ainda há muitas oportunidades para fundos de primeira viagem, que em geral têm tido retornos um pouco melhores do que seus pares mais antigos. O ESG é de interesse crescente, não apenas por princípio, mas também como um caminho para retornos mais altos e confiáveis. E as rotas de private equity estão se proliferando, à medida que os PLs buscam estruturas alternativas que atendam às suas necessidades individuais, e os PGs procuram oferecer produtos correspondentes.

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