A União das Entidades de Presidente Prudente (Uepp) lançou nesta quinta-feira (27) um "desafio" à concessionária Rumo, empresa responsável pela malha ferroviária do Oeste Paulista, a enviar relatórios de visitas com assinaturas de predispostos clientes com as propostas apresentadas e suas respostas, que subsidiaram ausência de demanda, já comprovada nos autos de um processo judicial, bem como a divulgar uma alternativa de ligação da região à propensa reinserção do trecho entre Bauru, Marília, Tupã e Panorama, na Alta Paulista.

O "desafio" da Uepp foi lançado na véspera de uma reunião que a Rumo realizará nesta sexta-feira (28), às 9h, no Hotel Aruá, no Centro de Presidente Prudente, com empresários para discutir o transporte ferroviário de cargas na região.

Segundo a Uepp, no comunicado que foi anunciado no "período curto" de uma semana de antecedência, a Rumo informou que o objetivo é apresentar o mapeamento da demanda por transporte ferroviário no trecho entre Presidente Prudente e Presidente Epitácio, além de tirar dúvidas sobre a utilização do modal de trens para o carregamento de cargas.

"Cansada" de ver que tais reuniões têm sempre o mesmo "objetivo", mas "sem avanço", a Uepp adiantou que não estará presente no encontro desta sexta-feira (28).

O presidente da Uepp, Marcos Antônio de Carvalho Lucas, reiterou que, durante a última reunião, realizada em 5 de dezembro de 2017, foi deixado claro que a entidade não iria mais participar de reuniões sem os necessários esclarecimentos sobre a disparidade de tarifas apresentadas em comparação com outras regiões com as mesmas características de logística atendidas pela Rumo.

"Como dito anteriormente, a Uepp comprovou que há demanda, sim, e tem ciência da desfaçatez da Rumo ao apresentar tabelas estratosféricas da ordem de R$ 182 por tonelada ligando Presidente Epitácio aos portos de Paranaguá [PR] e Santos [SP], enquanto opera a mesma distância no Rio Grande do Sul (que ainda faz parte de sua extensa concessão) a patamares de R$ 70 por tonelada", salientou a entidade.

"Diversas empresas interessadas na prestação do serviço de transporte ferroviário, com grande capacidade de carga, somente utilizarão a ferrovia se esta estiver em perfeitas condições de circulação, com velocidades mínimas compatíveis com as necessidades dos clientes e sem risco para o patrimônio das empresas e, claro, com preços justos", pontuou a Uepp.

De acordo com a Uepp, "nada foi investido" na região de Presidente Prudente nos últimos três anos, depois que a Rumo recebeu a concessão dos trilhos da extinta América Latina Logística (ALL).

Além disso, segundo a Uepp, "ao contrário, a ANTT [Agência Nacional de Transportes Terrestres] apontou que a velocidade no trecho entre Presidente Epitácio a Ourinhos é literalmente zero hoje, devido ao estado da ferrovia".

Outro lado

O G1 solicitou um posicionamento oficial da Rumo sobre o assunto nesta quinta-feira (27) e, em nota elaborada por sua Assessoria de Imprensa, a companhia reafirmou que "vem cumprindo o seu papel de concessionária ferroviária de cargas".

A Rumo esclareceu ainda ao G1 que realiza, "como já é de conhecimento de todos os interessados", encontros semestrais em Presidente Prudente.

"Nestas reuniões a empresa apresenta soluções de transporte para a região, de acordo com a demanda captável", pontuou.

"A Rumo ainda sempre se ofereceu para firmar contratos comerciais de longo prazo com possíveis interessados. Até o momento não foi recebida nenhuma proposta solidamente viável em contratar a longo prazo o transporte de mercadorias, que é um requisito fundamental para a subsistência deste tipo de transporte", concluiu a empresa ao G1.

A Rumo é a maior operadora ferroviária do Brasil, oferecendo serviços logísticos de transporte por ferrovias, elevação em portos e estocagem de produtos. Atualmente, sua base de ativos é composta por quatro concessões, totalizando 12.021 km de linhas férreas, 1.000 locomotivas e 25.000 vagões, além de centros de distribuição e instalações de armazenamento.

Resultado de uma fusão entre a Rumo Logística (Grupo Cosan) e a antiga América Latina Logística, a ALL, hoje a empresa opera 12 terminais de transbordo (tanto diretamente quanto em regime de parceria), com capacidade de armazenagem estática de aproximadamente 900 mil toneladas de grãos, açúcar e outras commodities.

A companhia possui participação em seis terminais portuários, cinco deles no porto de Santos, em São Paulo, e um no porto de Paranaguá, no Paraná, com capacidade de armazenar cerca de 1,3 milhão de toneladas e de carregamento de aproximadamente 29 milhões de toneladas por ano.

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